Coluna Jorge Barros: A POESIA DA INSIGNIFICÂNCIA

A arte e suas diversas vertentes. A arte clássica; a arte gótica; a arte literária; a arte lírica; a arte circense; a arte cinematográfica; a arte popular; a arte musical; a arte poética.... Mas, o que é mesmo poesia? Versos sobre um livro? Emoções do poeta sobre um papel em branco? A voz sonora de um poeta do acaso? O desabafo de um escritor em conflito com seus dramas pessoais e com o que vê? O olhar e o sorriso de uma criança em seu inocente mundo lúdico? O belo sorriso de uma mulher do povo? A expressão sincera de um agente de segurança em mais um dia de conflito, labor e rotina? O encontro de pessoas comuns, de gente como a gente, em praça pública? Uma flor, ainda que artificial, na mão de alguém que a admira? A poesia é tudo isso; mais do que tudo isso. Mas, o que é mesmo a poesia da insignificância? Eu, você e os outros. Ainda que não queiramos, somos insignificantes diante do brilho do sol, do clarão da noite, da chuva que cai, das estrelas que brilham no firmamento, da vida e da morte. Como somos tão insignificantes diante do olhar de uma lua cheia! Aqui, só estamos de passagem, e a contemplar a grandeza do universo. E por isso somos tão insignificantes; tão pequenos diante de tudo! E assim sendo, somos a mera poesia da insignificância; a poesia de uma vida fugaz; a poesia de uma vida com data de começo e fim. O que são cem anos de vida diante de uma eternidade imensa? Quem sabe qual será o nosso amanhã? Amanhã o sol brilhará ou nuvens negras estarão sobre nós? Na próxima primavera as flores do jardim daquela praça brotarão? Na vindoura estação das flores, as flores de todos os jardins do mundo perfumarão o ar atmosférico que as circunda? Ao homem insignificante não foi dado o direito de saber. Então somos todos insignificantes mesmo, até diante de uma flor, ainda que artificial, ainda que feita pelas mãos de um ser também insignificante. Uma flor que resgata esperanças perdidas, esquecidas, destruídas, vencidas, iludidas, banidas, desconstruídas. Ainda que ela seja artificial. NÃO FIQUE EM CASA. Saia para batalhar pelo seu sustento e de sua família. Lembre-se sempre de que: A noite de horror, tragédia e morte por COVID-19 é dos governadores e prefeitos bandidos, lacaios e criminosos, mas o novo amanhecer (o romper da aurora) será nosso. Porém, se você pode e quer ficar casa, sugestão de livros e filmes para o seu doce deleite e de sua família. Livros: 1. Fernando Pessoa - Poesia. Fernando Antônio Nogueira Pessoa. Organização Sueli Barros Cassal. Porto Alegre: L&PM, 2007; William Shakespeare- Sonetos. William Shakespeare. Tradução Jorge Wanderley. Porto Alegre, RS: 2019. Filmes: 1. Em busca do ouro (1925). Com Charles Chaplin e outros artistas do cinema mudo; 2. O vagabundo (1916/1918). Com Charles Chaplin e outros artistas do cinema mudo.
Professor Jorge Barros.