Coluna Jorge Barros: Recortes da Memória – Ponte do Mandacaru, se essa ponte, se essa ponte ainda fosse nossa!

Ponte do Mandacaru: para passeios de pedestres, para encontro de amigos em jovens tardes de domingos, para uma boa caminhada em uma ensolarada manhã de domingo e feriado, para momentos de lazer e paquera, bem como para encontro de casais e jovens em busca de um sonho, não é mais nossa; ela é do tempo presente, do caos presente, do barulho ensurdecedor de motores de veículos velozes, afoitos e desumanos. De lá para cá, quantos valores se perderam na estrada dessa ponte, quantos ideais foram desfeitos entre os limites dessa ponte; dessa histórica e famosa ponte! Até valores de moda, de trajes e de elegância na forma de se vestir foram dissipados pelo tempo, pelo tempo que condena, pelo tempo que não perdoa. Na foto, observa-se como as pessoas elegantemente se vestiam, e como o figurino dava o tom, mesmo que fosse somente para passearem na nostálgica Ponte do Mandacaru. As duas elegantes damas e o distinto cavalheiro, em frente à limusine, talvez não estejam mais entre nós, talvez já cumpriram a sua missão aqui na terra. Mas o que importa isso, se os mesmos fazem parte da bela história da Ponte do mandacaru. Retornando ao tempo presente, ao perturbador tempo presente, hoje, sobre esta ponte, só carros, só correria, só motoristas estressados e apressados, só motoqueiros desesperados e ávidos para desobedecerem às elementares leis do trânsito, mesmo que paguem com a vida, ou que ceifem vidas. Que preço caro estamos pagando pelo avanço tecnológico! Que preço macabro está pagando pela modernidade! A Ponte do Mandacaru não é mais nossa; ela é da violência e do horror do tempo presente. Jequié, 122 anos de emancipação política e administrativa; mas sem nada (ou quase nada) para você comemorar. Você concorda com esse pensamento?

Professor Jorge Barros.