Coluna Jorge Barros: SONETOS DE WILLIAM SHAKESPEARE, para os jequienses

SONETO NÚMERO 01: Em tudo o que há mais belo, a rosa da beleza/ Se nos impõe, gerando o anseio de aumentá-la./ E, entre os seres mortais, a própria natureza / Ao herdeiro confere o dom de eternizá-la./ Mas tu, assim concentrado em teu olhar brilhante,/ Sem o alento de outra alma a que a tua dê abrigo, / Cheio de amor, negando amor a todo instante,/ De ti mesmo e do teu encanto és inimigo./ Tu, agora, esplendoroso ornamento do mundo/ E arauto singular de alegre primavera,/ Tu, botão, dentro em ti sepultas, infecundo,/ Teu gozo e de te destróis, poupando o que exubera./ Faze prole, ou, glutão, em ti e na sepultura,/ Virá a tragar o mundo a tua formosura. SONETO NÚMERO 02: No tempo em que quarenta invernos o teu rosto/ Vierem afear, cavando, aí, sulcos profundos,/ Tudo quanto te exorna agora – a contragosto,/Reduzido verás a farrapos imundos./Se alguém quiser, então, saber de tua beleza,/Do tesouro louvado em tempos anteriores,/ Os fundos olhos teus, mostrá-la-ão, com certeza/ Vexada de ter sido alvo de tais louvores./ Que aplausos para ti o mundo não teria,/Se pudesses dizer: “Sou pai desta criança,/ Resumo do que valho e minha apologia!” / Que bela sucessão! Que expressiva esperança!/ Que bom, se, moço, assim, te visses novamente,/ E sentisses teu sangue, assim, de novo quente! Williams Shakespeare, poeta, escritor, pensador e dramaturgo, nascido em 23 de abril de 1564, nascido no vilarejo de Stratford-on-Avon, Londres, Inglaterra, e falecido no dia 26 de abril de 1616. Muitas palavras desses sonetos foram extraídas da linguagem da Renascença, época de Shakespeare, por isso não estranhe certos termos. Fonte de consulta: Shakespeare, Vol. XXII, Sonetos, Tradução Jerônimo de Aquino, Prefácio de Carlos Alberto Nunes, Edição Bilíngue.
Professor Jorge Barros