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Com sangue no olho e vergonha na cara Jequié tem jeito, diz Sérgio da Gameleira

03/10 Com sangue no olho e vergonha na cara Jequié tem jeito, diz Sérgio da Gameleira

Jequié foi às urnas para dizer que quer o choque de gestão do Governo Interino de 90 dias seja permanente ou dure, no mínimo, pelos próximos quatro anos. Vencido o desafio eleitoral, Sérgio da Gameleira deixa de ser vice para tomar posse como prefeito - de fato e de direto - a partir de primeiro de janeiro de 2017. E ele assume disposto a provar que é possível por fim ao caos político-administrativo, recuperar a capacidade da Prefeitura de investir em educação, saúde, infraestrutura e, principalmente, na geração de empregos, o pedido número um feito pela população ao longo dos quase 2.000km de chão e asfalto percorridos durante a campanha. 

 

“Jequié tem jeito. Em primeiro lugar o gestor tem que ter vergonha na cara, responsabilidade, cuidado e carinho com o que é público”, declarou Sérgio da Gameleira, em sua primeira entrevista concedida como prefeito eleito. “Saio desta campanha carregado de energia positiva, com um grande sentimento de agradecimento para com a população e fortalecido para os próximos quatro anos para poder levar Jequié ao patamar do qual ela nunca deveria ter saído: o de uma das maiores cidades da Bahia”.

 

 

 

Resgatar o orgulho de se der jequieense, devolver a Jequié o papel de cidade polo e de liderança regional, capitalizar o potencial hídrico e a posição geográfica privilegiada do município são algumas das missões que o prefeito eleito se impôs. E promete que não medirá esforços para buscar recursos, onde estiverem, para fazer Jequié superar o abismo que separa sua população de uma vida digna.

 

 “Os três meses (à frente da prefeitura) não foram suficientes para levar tudo o que gostaríamos para o povo de Jequié. Mas o esgoto na rua, a forma que nosso povo vive com esgoto na rua”, diz, emocionado. “Esgoto a céu aberto é algo que mexe com a gente, isso nos mobiliza. Vamos diretamente e com muito sangue no olho, discutir com o Governo do Estado e com Governo Federal, vamos tirar esse esgoto da porta da casa de vocês, por que isso não é admissível, em pleno ano de 2016 ainda ter que conviver com isso na porta de sua casa”, prometeu.

 

“Vamos entregar para o próximo prefeito uma cidade vibrante, arrumada, saneada, com dinheiro em caixa, uma prefeitura com as contas arrumadas, com uma população muito mais crítica, mais ciente dos seus direitos. A transparência que vamos implantar nessa prefeitura vai ser uma coisa que nenhum outro prefeito vai poder recuar”.

 

Contrariando o momento atual de descrédito da política e dos políticos, sua campanha conseguiu o feito de mobilizar as pessoas. A que você atribui tamanha popularidade?

 

SG - Eu acho que essa mobilização se deve ao sentimento das pessoas de que a esperança de uma nova Jequié efetivamente pode existir. E essa esperança – eu não tenho a menor dúvida – se deve ao período em que estivemos à frente da Prefeitura. Em cada bairro em cada canto da zona rural, conseguimos colocar as nossas mãos mesmo de forma simples, mas da forma que foi possível. Esse é o sentimento de mudança da nossa cidade. Jequié é uma cidade que nos últimos 20 anos vem sofrendo muito e as pessoas perceberam em nossa campanha a perspectiva de mudança, a esperança de uma Jequié melhor. Jequié tem um povo fantástico acolhedor, um povo simples, de coração aberto, quem vem a Jequié não quer sair mais daqui. Mesmo sofrendo nos últimos anos, as pessoas viram em nossa campanha um caminho para mudar a realidade, o que aumenta a nossa responsabilidade. Elas enxergaram uma perspectiva de uma Jequié vibrante, de uma nova Jequié, perceberam que agora poderemos devolver a auto-estima que o povo de Jequié sempre teve.

 

 

A campanha teve um caráter festivo, deu pra lembrar da época que você comandava um bloco de carnaval

 

Eu estou envolvido com festas desde os 13 anos de idade. E já tive bloco de micareta, na época que tinha micareta em Jequié, depois tive o Forró do Namoral quando Jequié passou a ter forró, São João de verdade, mas infelizmente nesses últimos anos acabou-se a micareta e o São João de Jequié. Essa alegria que conseguimos levar às nossas caminhadas, foram caminhadas bonitas, animadas, vibrantes podem ser um sinal para o povo de Jequié. Primeiro vamos arrumar a casa e aí vamos trazer de volta o São João que é nossa tradição, e tentar resgatar a micareta, vamos trabalhar forte para trazer de volta o Forró do Namoral, o Margarida, Forró Budega e vários outras que traziam milhares de turistas para Jequié, mas que infelizmente os gestores anteriores conseguiram destruir tudo isso. A festividade das nossas caminhadas, pra mim, simboliza esse retorno, reinventado, da nossa micareta, mas a prioridade é resgatar o nosso São João, que é parte da nossa tradição.

 

 

A caravana do 40 percorreu 1.800km de carro, 135km à pé. Foram 105 reuniões, 45 caminhadas, 11 inaugurações de comitê e 5 debates. Você está cansado?

 

Não. Agora, depois da vitória, estou mais revigorado ainda. Eu acho que andei pouco, se tivesse mais tempo andaríamos mais. A campanha encurtou por determinação da Justiça Eleitoral, eu gostaria de ter ido à casa de cada um dos moradores de Jequié, mas acho que depois de tantos quilômetros percorridos e tantas visitas que fizemos, a nossa mensagem chegou em todos os cantos de Jequié.

 

 

Você caminhou pelos bairros mais afastados, pelos distritos, você viu as pessoas morando em ruas sem asfalto e sem esgotamento e muitas vezes sem coleta de lixo. A pergunta que fica diante desse cenário é: Jequié tem jeito?

 

Jequié tem jeito. Eu fiquei três meses à frente da prefeitura e sei que Jequié tem jeito. Em primeiro lugar o gestor tem que ter vergonha na cara, responsabilidade, cuidado e carinho com o que é público, e você chamou atenção aí pra uma coisa que eu fiquei chocado nas nossas caminhadas, que são as casas cheias de grades. As pessoas vinham falar comigo, às vezes no afã de ter me visto na porta da casa, elas se esqueciam até de abrir a portão, estendiam a mão pelas grades e eu digo aqui sem dúvida nenhuma que as pessoas que me receberam em suas casa, 90% estavam atrás de uma grade, e a grade estava trancada com cadeado, isso é muito triste. Os três meses (à frente da prefeitura) não foram suficientes para levar varias coisas que gostaríamos de levar para o povo de Jequié, mas o esgoto na rua, a forma que nosso povo vive com esgoto na rua... [pausa] Esgoto a céu aberto, isso mexe com a gente, e isso nos mobiliza, vamos diretamente e com muito sangue no olho, discutir com o Governo do Estado e com Governo Federal, vamos tirar esse esgoto da porta da casa de vocês, por que isso não é admissível, em pleno ano de 2016 ainda ter que conviver com isso na porta de sua casa.

 

A segunda coisa é a pavimentação, que é um problema de Jequié. Das ruas que podem ser pavimentadas, 80% constam como já pavimentadas, então vamos levar essa questão à Justiça se for preciso. As pessoas perderam a esperança, por que tem ruas com mais de 20 anos que constam como pavimentadas e cada gestor que passou pela prefeitura diz que não pode pavimentar por que já consta como pavimentada. Nós vamos responsabilizar quem cometeu esse crime contra nosso povo, vamos pavimentar as ruas começando pelos lugares mais carentes e que há muito tempo sofrem com a lama e a poeira.

 

 

Você cumprimentou muitas pessoas, abraçou, tirou fotos. O que que as pessoas mais pediram?

 

Eu recebi um recado do Deputado Antonio Brito para que, durante as caminhadas, escutássemos as pessoas, que abraçássemos e escutássemos o que elas estavam pedindo. Faço caminhada desde 2009, e naquela época, muitos ainda pediam ainda blocos, cimento, mas nessa eleição de 2016, as pessoas pediram muito emprego. As pessoas querem trabalhar. Nós perdemos 5 mil postos de trabalho nos últimos 3 anos em Jequié e isso é uma irresponsabilidade muito grande, uma cidade rica como essa, com um potencial hídrico, com a Barragem da Pedra… Muitas cidades da nossa região sofrem com a falta de água, a exemplo de Vitória da Conquista, e mesmo com a Barragem da Pedra nós não conseguimos atrair nenhuma empresa nos últimos 15 anos! Nós vamos trabalhar fortemente, é uma área que dominamos, uma área que Hassan tem grande conhecimento, sempre conversamos depois da caminhada e falávamos que as demandas mais uma vez eram as mesmas, além de iluminação pública e segurança, fora as obrigações do município, como saúde e educação que é a base de qualquer cidade. A saúde e educação vão ser nossos focos, mas a geração de empregos também vai ter atenção especial durante nossa gestão.

Você superou nessa campanha, candidatos apoiados pelas duas maiores forças políticas do Estado: de um lado Tadeu Cafezeiro, apoiado pelo governador Rui Costa, do outro Dr. Fernando, apoiado por ACM Neto. É caso raro entre as grandes cidades da Bahia um prefeito eleito que não tenha tido o apoio de uma dessas duas forças. Encerrada a eleição, pra qual lado vai pender a balança do prefeito de Jequié?

 

Vai pender para o lado de Jequié. O meu partido é base do governo do Estado, mas o governo teve um candidato aqui de forma declarada. O prefeito de Salvador teve um candidato declarado e dissemos em nossas caminhadas que o apoio que a gente queria e que precisava estar do lado da gente é o apoio do povo de Jequié e o povo deu a resposta positiva. Enxergamos em Rui Costa e ACM Neto grandes lideranças estaduais, mas, terminadas as eleições, o foco é Jequié. Espero que o Governo do Estado tenha um carinho por essa cidade que precisa tanto e que assuma sua responsabilidade por Jequié e irei procurar sempre que necessário o Governo do Estado, mas essa vitória foi emblemática por que o povo de Jequié pediu uma mudança, essa mudança não foi simplesmente uma negativa a qualquer uma dessas duas lideranças, foi uma quebra de paradigma da política de Jequié. Eu nunca tive nenhum espólio político eleitoral, minha família é tradicional em Jequié, mas nunca apresentou nenhum político para nossa região o primeiro foi eu e Jequié pode agora experimentar uma nova trajetória. Várias páginas positivas foram escritas na história política de Jequié, uma cidade que produziu dois governadores, dois senadores da República. Eu tenho orgulho de ter algumas pessoas que escreveram essas páginas caminhando comigo e com Hassan.

Além de você não contar com estes apoios, você ainda teve a prefeitura de Jequié como adversária na campanha: foram 3 ações judiciais pedindo, entre outras coisas, o bloqueio de bens e seu afastamento da condição de vice-prefeito. Que tipo de relação o prefeito eleito de Jequié vai ter com a gestão Tania Britto durante esses 90 dias que faltam para a sua posse?

 

Falando não como o cidadão Luis Sérgio Suzart Almeida, mas como o prefeito outorgado pelo povo de Jequié, vou buscar ter a melhor relação possível com a atual gestão no intuito de fazer um grande trabalho de transição. Lutamos contra todas as forças e em determinados momentos fomos muito prejudicados com ações judiciais incabíveis e irresponsáveis. A partir de agora, encerrada a campanha, nós vamos poder apresentar para a população de Jequié a verdade, doa a quem doer, seja ele quem for o responsável e eu avisei isso desde que começaram a me atacar pessoalmente. Eu disse a toda minha equipe de campanha: nós não vamos entrar nesse jogo sujo e rasteiro, por que atrás de qualquer um que seja, por trás de qualquer candidato, existe uma família. E e eu fiz questão de pedir a todo momento que não jogasse o jogo deles, que fizéssemos uma boa disputa e nós fizemos isso durante toda campanha e o povo de Jequié entendeu isso, até brinquei durante um comício, logo quando começaram com os ataques pessoais, que quanto mais batiam, mais o Biscoitão crescia, ficou registrado e acho que vai entrar para a história de Jequié. Espero que tenhamos criado um antes e um depois dessa eleição. Creio que Sérgio da Gameleira vai deixar uma história marcada, espero que as próximas eleições sejam disputadas na política, com apresentação de propostas, na disputa eleitoral limpa que infelizmente, não tivemos nessa campanha. Eu sofri perseguição pessoal que não desejo pra ninguém, é um direito meu como cidadão comum, interpelar todos na justiça para provarem o que falaram a meu respeito e disso eu não abro mão.

 

Seus adversários falaram do seu salário, que você não trabalha e que está com as costas carregadas de processo. Qual vai ser ao tratamento que eles vão receber do prefeito eleito de Jequié? Você pretende estender a mão amiga aos derrotados ou vai passa de perseguido a perseguidor?

 

Em relação ao meu salário de vice-prefeito, que fizeram tanto estardalhaço - o salário de R$ 12 mil que com os descontos chegava a R$ 9 mil líquidos - quero dizer que eu teria uma condição financeira muito melhor se eu tivesse cuidando do patrimônio da minha família, que eu abri mão em prol do sonho de uma Jequié melhor. Trabalhei e muito junto dos vereadores do G-9 nos últimos três anos. Os dois processos do Ministério Público arquivados e os três da Justiça Comum vão ser resolvidos em 15 dias porque são processos absurdos e incabíveis, eu vou apresentar tudo isso a população de Jequié que confiou em mim e não acreditou na mentira daqueles que queriam me colocar no mesmo patamar deles. Quem levantou falso testemunho contra mim vai ter de responder na Justiça. Agora perseguir, isso não faz parte do meu perfil de forma nenhuma, vou tratá-los da mesma forma que vou tratar aqueles que andaram comigo. Irei, sim, estender a mão amiga a eles como cidadãos de Jequié e estenderei a todos aqueles que estiverem compromissados em construir uma Jequié melhor.

 

 

 

O calor da disputa eleitoral vai influenciar sua relação com a câmara municipal, visto que muitos eleitos na câmara estavam nesses grupos políticos que lhe atacaram?

 

Se influenciar vai ser positivamente, até por que muitos deles, no decorrer da campanha vieram pro nosso lado. Minha relação vai ser de respeito, de independência, sem permitir nenhum tipo de jogo ou chantagem, até por que confio muito na responsabilidade dos vereadores eleitos. 

 

Qual a diferença entre o Sérgio da Gameleira que começou essa caminhada no dia 16 de agosto e do Sérgio da Gameleira hoje eleito prefeito de Jequié?

 

Hoje estou mais forte, mais preparado, convicto de que atingi o objetivo de mostrar à população de Jequié que é possível viver numa cidade melhor, que o poder público tem de intervir de forma positiva na vida de cada um. Tenho um sentimento de gratidão pelo povo ter confiado em mim e em Hassan, um povo que construiu uma coisa única entre as 30 maiores cidades da Bahia. Nenhuma outra viveu um processo eleitoral como nós vivemos aqui, com participação direta do Governo do Estado, com participação do prefeito de Salvador e a população parou e disse: nós queremos uma alternativa nossa. Então saio da campanha carregado de energia positiva, com um grande sentimento de agradecimento para com a população e fortalecido para os próximos quatro anos para poder levar Jequié ao patamar do qual ela nunca deveria ter saído: o de uma das maiores cidades da Bahia.

 

 

 

Qual o papel que você pretende exercer como prefeito de Jequié?

Essa vitória foi emblemática e vai repercutir nos outros 416 municípios da Bahia. Vamos construir uma relação com toda região. Jequié é uma cidade polo de 26 municípios e podemos aumentar tranquilamente esse raio de abrangência para 40 municípios. Jequié carrega naturalmente o bastão de liderança regional, não só o prefeito, mas toda a cidade. Jequié vai voltar a ser a cidade que os municípios vizinhos vão olhar como referencia. Quero agradecer, mandar um abraço e dizer que os jequieenses podem confiar que os próximos quatro anos vão ser marcantes na vida de nossa cidade.

 

Que cidade você pretende entregar ao seu sucessor?

Uma Jequié vibrante, uma Jequié que as pessoas possam ter a felicidade de sair, fazer uma viagem, passar o réveillon fora e poder ter orgulho de dizer que é de Jequié, esse sentimento que a nossa população não tem tido nos últimos anos. Eu não tenho a menor dúvida que o nosso sucessor vai receber uma casa arrumada, um presente, por que vou dedicar os próximos anos da minha vida a fazer uma Jequié que dê orgulho, que dê esperança para nossa juventude. Vamos entregar para o próximo prefeito uma cidade vibrante, arrumada, saneada, com dinheiro em caixa, uma prefeitura com as contas arrumadas, com uma população muito mais crítica, mais ciente dos seus direitos. A transparência que vamos implantar nessa prefeitura vai ser uma coisa que nenhum outro prefeito vai poder recuar.

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