... E o filme Moonlight: Sob a Luz do Luar subverteu a ordem.

...E a Academia de Cinema de Hollywood resolveu radicalizar na premiação de melhor filme de 2017. Fundada em 1928 por executivos, diretores, produtores e outras figuras do mundo do cinema americano, todos, diga-se de passagem, de cor branca e conservadores, ela (a Academia), no tocante à distribuição dos prêmios Oscar, sempre exibiu o estereótipo do racismo e da rejeição às minorias; comportamento também adotado pela maioria das camadas sociais norte americanas. Mas filme Moonlight (nesta coluna, uma foto de divulgação), do diretor negro Barry Jenkins, por ser premiado como melhor filme, conseguiu subverter a ordem, padrões e costumes da maioria dos mais de seis mil votantes da Academia. Como assim? A resposta vem por partes. O filme aborda, essencialmente: conflitos existencialistas de uma comunidade negra e vítima da violência explícita de Miami; questões sobre tráfico de drogas; dramas e a dura sobrevivência de viciados em drogas; relações homossexuais e a busca de identidade; a violência da prática de bullying entre negros, isto é, negros hostilizando negros etc. Outros dados do filme: elenco formado só por negros; custo de produção em torno de um milhão e meio de dólares; baixa arrecadação nas bilheterias americanas; entra para a história do Oscar como o primeiro filme que tem no elenco um muçulmano premiado com Oscar de melhor ator coadjuvante (o excelente Mahershala Ali). Mas, afinal, o que foi que aconteceu? Teria Donald Trump, que não suporta negros, homossexuais, imigrantes, mexicanos, muçulmanos, mulheres grávidas, dependentes de drogas etc, contribuído para a consagração de Moonlight na noite do dia 26? Sim, porque Trump, sem reservas, tenta separar os Estados Unidos do resto do mundo e mostrar que só os brancos são puros. Ou será que a consagração de Moonlight se deu porque a maioria dos membros da Academia de Hollywood já tem consciência de que este mundo contemporâneo é o próprio retrato dos conflitos do homem contemporâneo? Talvez os dois questionamentos sejam suficientes para explicar o que aconteceu. Como em Jequié não tem cinema (e quando terá?) você só poderá assistir ao filme Moonlight ou em outra cidade, ou recorrendo a vários recursos midiáticos disponíveis para tal. Que pena!
Professor Jorge Barros UESB-Campus de Jequié