Prêmio Nobel de Literatura e as Canções que Bob Dylan Fez Para Você (Parte II)

Assim como apenas três filmes (Vidas Amargas, Juventude Transviada e Assim caminha a Humanidade) imortalizaram o rebelde com causa James Dean (1931-1955), sem perda de generalidade, pode-se afirmar que apenas duas canções, Blowin´in the Wind - soprando ao vento, e Mr. Tamborine – Senhor do Tamborim, bastariam para imortalizar Bob Dylan. Em relação à primeira canção, que, na década de 1970, foi tão magnificamente interpretada pela grande artista baiana Diana Pequeno, certamente você já ouviu questionamentos dentro de um contexto politicamente correto como estes: Quantos caminhos o homem deve andar para que seja aceito como homem? Quanto tempo as balas dos canhões explodirão antes de serem proibidas? Quantos ouvidos o homem deve ter para ouvir os lamentos do povo? Quantas mortes ainda serão necessárias para que se saiba que já se matou de mais? Quantos anos pode um povo viver sem conhecer a liberdade? Quanto tempo o homem deve virar a cabeça fingindo não ver o que está vendo? E, quanto à segunda canção, também, você certamente já ouviu frases poéticas como estas: Hei! Senhor tocador de tamborim, toque uma canção para mim; não estou dormindo e não há lugar onde eu possa ir; na aguda manhã desafino, eu o seguirei; Leve-me a uma viagem em sua mágica nave ressonante; estou pronto para ir a qualquer lugar, estou pronto para desaparecer; embora você possa me ouvir rindo, girando, dançando loucamente através do sol; não está vendo ninguém, ele está só fugindo; Longe do alcance distorcido da tristeza insana; deixe-me esquecer do hoje até amanhã? Considerado um dos grandes poetas do Rock, e também um peso-pesado da contracultura, Bob Dylan não se preocupou em somente manusear guitarras ou outro instrumento qualquer. Para ele, a música e o texto (a composição) se complementam na perspectiva de fazer com que o homem compreenda que viver só faz sentido quando a essência da vida é valorizada em seus amplos aspectos: tolerância, compreensão, respeito, liberdade, amor, dignidade, caráter, união, sonhos, alegria. Incontestavelmente, Bob nasceu para brilhar na constelação dos astros e estrelas da música do tempo passado e do tempo presente. E por que também não afirmar do tempo futuro? Além do prêmio Nobel de Literatura, Dylan já foi agraciado com o prêmio Pulitzer (Oscar da Literatura), com vários troféus Grammy (Oscar da música), num total de 12, com o Globo de Ouro e o Oscar pela canção Things have changed, do filme Garotos Incríveis (2000). Parabéns a Bob Dylan e aos demais artistas de todo o mundo que compõem e cantam músicas que exaltam o homem, a mulher e a essência da vida. Não resta a menor sombra de dúvida de que há manjares para todos os gostos, porém, tomara que a maioria dos pagodeiros (principalmente os baianos) que compõem lixos musicais que desvalorizam a mulher, que depreciam o sexo, que vulgarizam a identidade do ser humano e que não respeitam nem a inteligência e nem os ouvidos dos ouvintes (crianças, jovens e adultos) que querem ouvir a boa música, espelhem-se na narrativa acima, porque os ouvidos deles não se constituem em um vaso sanitário. E, como afirmara Brecht: Aquele que não conhece a verdade é um ignorante, mas, aquele que a conhece e nega é um bandido, um criminoso, um mal feitor. Eu sou fã de Bob Dylan, e você? Nas próximas edições, comentários sobre a premiação Oscar 2017.
Professor Jorge Barros UESB – Campus de Jequié