Recortes da Memória - Rua Félix Gaspar, lembranças de uma rua silenciosa

Jequié, 122 anos de emancipação política e administrativa. Como não há nada (ou quase nada) para se comemorar, comemora-se pelo menos a existência de ruas silenciosas que, em um passado áureo, em um passado onde havia prefeitos sérios e comprometidos com a administração pública, embelezavam o centro da cidade. Vamos lá! Bom seria se pudéssemos voltar no tempo, e nele desfrutar o que de bom e pacífico o mesmo ofereceu aos jequieenses em matéria de harmonia com a natureza e com os sons; bom seria se pudéssemos fazer uma regressão de memória, e novamente andar pela linda, bucólica, pacata e poética Rua Alves Pereira (foto desta coluna); bom seria se, nessa rua, pudéssemos voltar a viver momentos que celebraram a vida com tudo o que deveria ser celebrado; bom seria se cada jequieense pudesse fugir do presente para voltar a andar, nem que seja por alguns momentos, nessa rua sem o caos urbano atormentador, sem o barulho infernal de carros de propagandas comerciais estúpidas e agressivas, sem o buzinaço e o barulho infernal de carros de motoristas imbecis e violadores das mais elementares leis do trânsito. Bom seria. A Rua Félix Gaspar, hoje, como todo o centro da cidade, mais se assemelha a um caos urbano comandado por agentes da destruição do silêncio, da ordem e da qualidade de vida. Para os criminosos do meio ambiente, a vida deve ser cheia de barulho, som e fúria. O jequieense, não raro, às vezes depara-se com dois, três, quatro e até cinco carros de propaganda comercial atormentando os seus ouvidos, ao mesmo tempo. Chegou-se a um nível de agressividade sonora tamanha e de desordem acústica padronizada, que a poluição sonora, no centro da cidade (e também em muitos bairros) é tida como normal, como útil aos nossos sofridos e atormentados ouvidos. Ela, a poluição sonora, no conceito da administração municipal e dos órgãos responsáveis por coibir essa desgraça que tantos prejuízos tem causado à ordem, ao silêncio, aos nossos ouvidos e à qualidade de vida dos jequieenses, não é agressiva. IBAMA, INEMA, Ministério Público, DETRAM, SUMTRAN, Executivo Municipal, Conselho Comunitário, Câmara de Vereadores, Polícia Civil, Polícia Militar, ACIJ, CDL, deixam-nos transparecer que estão cegos, surdos e mudos para os crimes ambientais tão explícitos aos olhos de todos. Essas entidades assinam, sem nenhum constrangimento, um inquestionável Atestado de Incompetência. Martin Luther King continua atualíssimo e autêntico: O que me incomoda não é o grito dos maus, dos imbecis, dos criminosos de plantão, e sim o silêncio dos bons, dos omissos. Rua Félix Gaspar, outrora, símbolo da existência pacífica entre homem, natureza, meio ambiente e administração pública; Rua Félix Gaspar, de uma rua silenciosa a uma rua caótica, atormentada, turbulenta e destruída pelos atos de maus gestores. No dia 25 de outubro, você tem o que comemorar em Jequié? Se você tem o que comemorar, divulgue. Eu não tenho, a não ser fatos e fotos do passado de uma Jequié que era orgulho dos jequieenses. Hoje em plena decadência e atraso. Livros e filmes recomendados nesta coluna. Livros: 1. Sucesso em interpretação de textos – Vestibulares, Enem, Concursos diversos, de Álvaro Ricardo de Mello Gouveia Veiga, da LITTERIS EDITORA; 2. Os melhores discursos de Martin Luther King - Um apelo à consciência, editado por Clayborne Carso e Kris Shepard, da Edditora ZAHAR. Filmes: 1. Carruagens de fogo (Chariots of Fire) /1981, de Hugh Hudson, e premiado com quatro Oscar da Academia de Cinema: melhor filme, roteiro original, partitura original dramática e figurino; 2. Num lago dourado (On Golden Pond) /1981, de Mark Rydell, e premiado com os Oscar de melhor roteiro adaptado, ator (Henry Fonda, na sua última performance) e atriz (Katharine Hepburn), o quarto Oscar de sua carreira. Boas leituras e uma boa diversão com reflexão com os filmes
Professor Jorge Barros